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[🌤️ CAPÍTULO 13 – ESPERANÇA] 

ao som de “BOOM” – X Ambassadors 

 

🎵 My feet go boom boom boom 

🎵 Boom boom boom, boom boom boom 

🎵 My heart beats boom boom boom 

🎵 Boom boom boom, boom boom boom 

🎵 High speed go zoom zoom zoom 

🎵 Zoom zoom zoom, zoom zoom zoom 

🎵 My feet go boom boom boom 

 

Lázaro está sentado no parapeito de um mirante, alto, com vista para o mar. 
O céu é de um dourado tímido que se dissolve em tons de cinza. 
A cidade inteira de Niterói parece respirar devagar. 

 

Ele segura uma garrafinha de água pela metade e um pão francês velho, com peito de peru & queijo. 
Ao seu lado, uma sacola com uma blusa amarrotada, um caderno e um remédio vencido. 

 

Silêncio. 

 

Ele fecha os olhos e escuta o vento. 
O som das ondas lá embaixo. 
O barulho distante de uma buzina. 

 

Abre o caderno. 
Escreve com letra trêmula: 

 

“Hoje eu não desisti & não desistirei jamais!” 

 

Fecha. 
Sopra sobre a capa como quem sela um pacto. 

 

A música continua a ganhar corpo. 
🎵 My feet go boom boom boom… 

 

Lázaro se levanta. 
Respira fundo. 
Coloca o fone de ouvido. 

 

Desce devagar, pela trilha do parque. 
Cruza com um senhor que acena. 
Com uma menina que sorri e segura um girassol de plástico que dança. 

 

Ele retribui. 
De leve, sorrindo tímido de canto de boca. 
Mas retribui, com carinho & gratidão. 

 

Corta para: 
📷 Close no rosto dele, suado, cansado, mas com os olhos firmes no caminho. 

 

🎵 My heart beats boom boom boom… 

 

No fundo da mochila, esquecida e amassada, uma cartinha escrita à mão, com caligrafia de mãe: 

 

“Nunca se esqueça: você é meu milagre diário. 
Amor, Mamãe.” 

 

Ele lê de novo. 
Guarda de volta. 
E sorri. 

 

Não muito. 
Mas o suficiente pra continuar. 

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I. A esperança como persistência 

 

Esperança é continuar levantando mesmo sem saber por quê. 

 

É dançar na chuva ou em dias nublados porque confia. 
É quando o corpo quer parar, mas o coração ainda pulsa. 
Lázaro entende: esperar não é cruzar os braços — 
é manter a mão estendida mesmo depois de mil portas fechadas. 

 

“Eu não espero porque acredito. 
Eu espero porque é tudo que me sobrou.” 

 

 

II. O afeto que brota do nada 

 

Um amigo manda mensagem: 
— “Pensei em você hoje. Tá tudo bem aí?” 

 

E essa frase simples atravessa o concreto armado que Lázaro ergueu. 
É assim que a esperança nasce: 
Não no grito, mas no gesto. 
Não na multidão, mas no toque, afeto. 

 

Às vezes, alguém lembrar que você existe 
é tudo que impede o fim de chegar. 

 

 

III. O futuro não é lugar. É intenção. 

 

Lázaro parou de sonhar com o sucesso das massas, vendido em fórmulas. 
Agora sonha com estabilidade, saúde mental em dia. 
Com janelas sempre abertas para o Sol & Lua. 
Com tardes sem culpa, deitado e fumando seu baseado. 
Com amor sem manual e cobranças de nenhuma espécie.

 

Esperança é desejar o essencial. 
E acreditar que o essencial é possível. 
Mesmo sem certezas. Mesmo sem provas. 

 

 

IV. Os dias bons são pequenos milagres 

 

O café ficou viciante. 
A luz voltou forte. 
A dor cedeu. 
A cabeça ficou leve por uma tarde inteira. 

 

Isso já é motivo. 
Já é suficiente. 
Esperança é colecionar muitas migalhas de paz & transformá-las em abrigo. 

 

 

V. A utopia possível 

 

Lázaro sonha com um mundo onde ninguém precise se matar pra descansar. 
Onde a arte pague o aluguel. 
Onde a loucura seja tratada com respeito & não com algemas. 

 

Não é revolução. 
É utopia prática. 
É sonhar acordado com o que ainda não veio 
mas já mora no desejo coletivo. 

 

 

VI. A memória como gasolina 

 

Lázaro lembra de se encolher dentro do abraço da mãe quando tudo desabava. 
Da professora que viu talento onde só havia caos. 
Da primeira frase que escreveu e alguém disse: 
— “Isso é lindo, Lá.” 

 

Essas lembranças não são passado. 
São combustível do futuro imediato. 
São cordas que puxam do abismo. 
São provas de que já valeu a pena uma vez — e pode valer de novo. 

 

 

VII. Fecho — Esperança como pacto 

 

“Se você chegou até aqui, 
é porque ainda acredita em alguma coisa.

 

Talvez no amor. 
Na arte. 
Num café com pão quentinho. 
Num mundo menos cruel. 

 

Seja lá no que for — segura isso. 

 

A esperança não é luz no fim do túnel, bb. 
É o fósforo riscado na escuridão. 

 

E se cada um acender o seu… 
vai ter fogo suficiente pra uma enorme fogueira & iluminar a própria vida.” 

🌬️ INTERLÚDIO – ENTRE ESPERANÇA E SUPERAÇÃO

ao som de “Shake It Out” – Florence + The Machine 

 

Às vezes, esperar é só o ensaio. 
O verdadeiro ato começa quando você levanta. 

 

Quando o corpo responde. 
Mesmo com dor. 
Mesmo sem motivo. 

 

Lázaro caminha por uma rua vazia, 
com o sol abrindo entre os postes, 
sentindo o chão sob os pés como quem pisa em território sagrado. 

 

Ele não está feliz. 
Mas também não está no fundo. 

 

Está no entre. 
No meio. 
No intervalo entre o medo e o possível. 

 

A mochila nas costas não pesa menos. 
O mundo continua feio em muitos aspectos. 
Mas há algo novo nos olhos: 
uma fagulha de coragem. 

 

A música no fone diz: 
 

"It's hard to dance with the devil on your back, 
So shake him off…"
 

 

E Lázaro balança a cabeça. 
Respira fundo. 
Ajusta a gola da camisa. 

 

E dá o próximo passo. 

 

Superar não é vencer. 
É continuar. 
Com estilo, se possível. 
Com verdade, sempre.